Eu sou de letras.
Assim, conforme propriamente dito: o verbo existência subordinado ao substantivo grávido de todos os outros: Letras.
Isso porque não adquiri as letras no infeliz Curso Superior que carrega esse nome. As letras me adquiriram, e, portanto, o eu, propriedade privada delas.
Daí que passo os dias sendo compelida a ver as letras de outros, profissionalmente. E nos momentos de lazer, distraio-me com as letras ora gozadas ora taciturnas de terceiros que se põem em primeiras pessoas. Às vezes em terceiras, mas intrometendo-se nas verdades desses terceiros eus.
Mas ainda sou estudante, ahá!... Doutoro-me para dominar as letras, finalmente. Mas, que coisa descubro? Hã?! Que dominar as letras não é senão sofrer dioturnamente o código, que julgo conhecer mas que guarda segredos em cada vírgula. Do código, às histórias. Estas, que guardam mensagens dentro das mensagens e eu, escravo de letras mais abundantes que os minutos que me restam de vida, perco a hora. De novo.
Infelizmente, não domino nenhum código numérico. O do dinheiro, o dos ordinais e, principalmente, o infeliz código miudinho que carrega toda a grandeza da vida inteira que poderia ter sido mas não foi: o das horas.
Infelizmente...
02h54
200810
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